BIOGRAFIA
HERMAN JOSÉ
O SENHOR "ENTERTAINMENT"
Herman José ocupa um lugar ímpar no universo artístico nacional. A sua expressão artística resulta da fusão de várias artes: a da escrita humorística, a de autor e intérprete musical, a de músico, a de ator multifacetado e a de contador de estórias. Será porventura esta mistura explosiva, que faz com que os seus espetáculos se adaptem a todos os extratos socioculturais e que resultem em todos os palcos, dos mais populares ao mais eruditos. Os seus mais de quarenta anos de carreira de imparável atividade, fazem com que o seu repertório seja geracionalmente transversal, tanto em Portugal como na Diáspora, para onde é cada vez mais solicitado.
50’s / 60's
1954 – o início. Nasce em Lisboa Hermann José Krippahl filho de pai com nacionalidade alemã e espanhola e de mãe portuguesa.
Aos quatro anos de idade protagonizava os filmes do pai, que conciliava a sua atividade no comércio de mármores com a de cineasta amador.
Aos cinco entrou para o Kindergarten, o jardim de infância da Escola Alemã de Lisboa (Deutsche Schule Lissabon). Aluno mediano, mas brilhante em todas as vertentes artísticas, protagonizava todos os saraus escolares. Ainda estudava quando comprou, na adolescência, a sua primeira viola-baixo – uma Höfner em segunda mão – numa loja de penhores da Avenida de Roma e que lhe custou mil escudos. Através da música viria a abraçar a carreira artística.
Desde cedo fluente em português, alemão, inglês, francês e espanhol, esta faceta permitiu ao longo da carreira ser o principal cicerone televisivo das maiores vedetas internacionais que visitaram Portugal.
70’s
Pelos 18 anos de idade tem as primeiras aparições na televisão, num programa juvenil, onde surge como baixista de um trio chamado Soft. Em finais de 1973 é convidado a integrar o grupo In-Clave, banda residente do programa de televisão No Tempo Em Que Você Nasceu, gravado no Teatro Maria Matos e que era dirigida pelo maestro Pedro Osório.
Um ano antes, em 1972, a PIDE fizera-lhe um ultimato: ou se naturalizava português e cumpria o serviço militar ou assumia a cidadania alemã e seria expulso de Portugal. Herman optou pela nacionalidade alemã e inscreveu-se na Escola Superior de Televisão e Cinema (Hochschule für Film und Bild), em Munique, que nunca chegaria a frequentar.
Com o golpe de Estado de 25 de Abril de 1974, acaba por permanecer em Portugal e em Outubro desse ano estreia-se como ator no Teatro ABC, com a peça Uma no Cravo, Outra na Ditadura. Produzida por Sérgio de Azevedo, com textos de José Carlos Ary dos Santos, César de Oliveira e Rogério Bracinha, contracena, entre outros, com Nicolau Breyner que, encantado com o talento de Herman e em conjunto com o administrador da RTP João Soares Louro, o leva a estrear-se como ator na televisão, em 1975. As suas participações na rábula Sr. Feliz e Sr. Contente, inserida no programa Nicolau no País das Maravilhas, levariam os críticos a afirmar que “o veterano tinha finalmente encontrado um parceiro à altura”.
A música mantém-se uma constante na sua vida e em 1977 lança Saca o Saca-Rolhas no programa televisivo ‘A Feira’, cujas vendas alcançam o Disco de Ouro. Desse programa foi também êxito a dupla Olho Vivo e Zé d’Olhão ao lado do ator Joel Branco. Seguem-se outros sucessos musicais, como o Super-Homem Português, a reboque dos quais percorre o país em espetáculos, onde mistura anedotas com improviso, recriações de personagens suas e muita música.
80’s
Em 1980 lança o single A Canção do Beijinho que é novamente disco de Ouro. Nesse mesmo ano é convidado para participar no programa O Passeio dos Alegres, emitido nas tardes de domingo da RTP1, com Júlio Isidro. A mais famosa criação deste programa é o personagem Tony Silva («O criador de toda música Ró», latino-romântico de brilhantina e lantejoulas, que retratava a sociedade nas suas canções), que conquista o grande público.
Em 1982 começa a apresentar na Rádio Comercial o programa A Flor do Éter.
Em 1983 leva ao Festival RTP da Canção o tema A Cor do Teu Baton que fica em 2.º lugar. Em Outubro de 1983 tem o seu primeiro programa – O Tal Canal – que permite a quase unanimidade em torno do seu humor e que expressa um dos seus mais profícuos trabalhos escritos e dirigidos por si. A sua equipa regressa em Hermanias (1984) integralmente da sua autoria, consolidando algumas das suas personagens mais marcantes como o cronista de futebol José Estebes e criando outras como o cantor popular Serafim Saudade, o comentador Doutor Pinóquio e o operador de câmara/censor José Cortes, que interrompia as cenas mais picantes com os gritos O que é isto ? Estamos a brincar? Isto é um programa de televisão ou quê ?. Em 1985 participa no concurso 1,2,3.
No programa seguinte, Humor de Perdição (1988), integralmente de sua autoria, cria a personagem Maximiana e é confrontado com a suspensão do mesmo por parte do Conselho de Administração da RTP na sequência da sua entrevista histórica (uma rubrica do programa) à Rainha Santa Isabel que o lado mais conservador do poder considerou como um atentado aos valores históricos. Tema quente que foi levado a debate na Assembleia da República.
Nesse mesmo ano regressa ao cinema com O Querido Lilás de Artur Semedo e é recrutado por Emídio Rangel para fazer crónicas diárias na recém-legalizada TSF, com as quais obteve um êxito estrondoso.
Paralelamente à televisão, Herman desenvolve na década de 80 uma intensa atividade de humorista radiofónico, primeiro na Rádio Comercial com os programas A Flor Do Éter, Rebéubéu Pardais ao Ninho e Água Mole Em Pedra Dura Entra Muda E Sai Calada, depois na supracitada TSF e por fim, como autor da Hermandifusão Portuguesa na Antena1, em duas edições diárias num simultâneo com a RDP Internacional, RDP África, Madeira e Açores.
90’s
Regressa à televisão em 1990 com Casino Royal, uma mistura de ficção de alta comédia com uma forte componente musical, integralmente de sua autoria. Ainda no início da década de 90 entrega-se à apresentação de concursos como Com a Verdade M’ Enganas e Roda da Sorte , para, logo de seguida, apresentar Parabéns (1993), onde inaugura um espaço talk-show por onde passam figuras como Ramalho Eanes, Mário Soares, Amália Rodrigues, Tony Bennett, Roger Moore, Cher, Kylie Minogue, Omar Sharif, Joan Collins, Isabel Pantoja, Lola Flores, etc.
Foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Mérito a 10 de junho de 1992 pelo então Presidente da República Mário Soares.
Em 1996 chega ao fim o programa Parabéns. Fica para a história um abaixo assinado a exigir a censura de um sketch sobre a Última Ceia. A direção de programas (Joaquim Furtado e Joaquim Vieira) recusa-se a proibir a sua emissão, assume a polémica e encomenda-lhe o programa de humor Herman Enciclopédia (1997), duas séries de imenso sucesso de um humor culto, inovador e vernacular. Sobressaem novas personagens, como Diácono Remédios, Super Tia, Engenheiro Passos de Ferreira, Lauro Dérmio, David Vaitembora ou Melga. Para 1998, altura em que Lisboa recebeu a Exposição Mundial (já caricaturada nas rábulas da Expo ’97, nos sketches Homens do Norte), forma a sua própria produtora HZP (Herman Zap Produções), e lança Herman98 gravado no Teatro São Luiz e depois Herman99 gravado no Teatro Armando Cortez em Lisboa e no Teatro Rivoli no Porto. É numa dessas emissões que lança a cantora Diana Krall no mercado europeu – feito que a própria nunca deixou de mencionar e agradecer publicamente. Muitos foram também os ilustres convidados que por lá passaram, como o Nobel da Paz Ramos Horta.
2000
Em 2000, Herman José chega à SIC, apresentando aos Domingos o talk-show HermanSIC. Registando audiências que atingiram os 76% de share, contava com uma equipa de atores constituída por Maria Rueff, Joaquim Monchique, Ana Bola, Maria Vieira, Manuel Marques, Vítor de Sousa e Nuno Lopes.
Por ele passaram um conjunto imenso de vedetas internacionais, como Anastasia, Sting, Julio Iglesias, Enrique Iglesias, Lionel Ritchie, Ute Lemper, Gloria Estefan, No Doubt, Shania Twain, Djavan, Mark Knopfler, Jamie Cullum, Norah Jones, David Copperfield, Tom Jones, entre muitos outros. É nesse programa que a fadista Mariza, convidada assídua do programa e amiga pessoal do humorista, ganha grande visibilidade.
Em 2002 acumula com a apresentação do reality show Masterplan – O Grande Mestre, juntamente com Marisa Cruz e em 2005 volta a esse tipo de formatos com Senhora Dona Lady que apresenta com Sílvia Alberto.
Em 2007 estreia Hora H, 44 episódios de ficção humorística, onde cria personagens como a Chica Pardoca, Yuri Tupolev, Américo Russo e o editor-chefe decadente e tabagista Raposinho Pinto. Tempos depois da sua emissão no generalista, o programa torna-se, aquando da sua repetição na SIC Radical, numa série de culto, a ponto de ser nomeada como Melhor Programa de Humor, no Festival de Televisão de Monte Carlo.
No dia 1 de Abril de 2007 recebe o décimo segundo Globo de Ouro, desta vez sob a forma de Prémio Prestígio.
Em Maio de 2008 lança a versão portuguesa de Chamar a Música, um concurso que esteve no ar durante a época de verão de 2008, na SIC.
Em Setembro de 2008 volta a apresentar o concurso Roda da Sorte no mesmo canal.
Em 2009 muda-se para a TVI a convite de José Eduardo Moniz, onde apresenta o talent-show Nasci P’ra Cantar entre julho e setembro de 2009. Em Julho de 2009 lança o álbum Adeus, vou ali já venho, e retoma em força a sua atividade on the road, com o show Homem dos Sete Instrumentos.
Em abril de 2010 regressa à “sua” casa – RTP – de onde partira 10 anos antes. Apresenta aos sábados à noite Herman 2010, um talk-show onde juntava a conversa com personalidades portuguesas a apontamentos humorísticos. O programa manteve-se, adotando as designações de Herman 2011, Herman 2012 e Herman 2013, conhecendo a sua última edição no sábado 14 de Dezembro de 2013.
Fecha esse ano num memorável espetáculo de passagem de ano no Terreiro do Paço – Lisboa – com a sua orquestra para mais de 70 000 espetadores, e reforça as suas atuações na diáspora com recorrentes idas a Angola, Moçambique, Luxemburgo, Suíça, França, Alemanha, Nova Iorque, Nova Jérsia, Toronto e Macau. O tema dos seus espetáculos de 2014 é a comemoração dos seus 40 anos de carreira, com o título 40 Anos, Sempre A Bombar, título também de uma canção comemorativa que lançou para assinalar a efeméride.
No dia 22 de setembro de 2014 estreia-se na condução do programa das tardes da RTP1 Há Tarde. Com o fim do formato, anuncia o regresso ao humor em outubro de 2015 com a estreia da série Nelo e Idália (personagens criados no HermanSIC), protagonizada por Herman e por Maria Rueff, mais uma vez na RTP1.
2016 é o ano do regresso do Herman ao late night com um formato criado por si. Uma mistura de talk-show, ficção humorística e música ao vivo. Este programa, de seu nome Cá por Casa, transforma-se na “casa de visitas da RTP”, na casa do Herman”, na “casa de todos os portugueses”.